Osteoartrite (OA) é a causa mais prevalente de incapacidade em adultos. A prevalência aumenta com a idade, ocorrendo em 13,9% aos 25 anos e chegando à 33,6% aos 65 anos. Os custos têm aumentado e chegando à 1-2,5% do PIB de países como EUA, Canadá, Inglaterra, França e Austrália.
Até agora, a osteoartrite tem sido relatada mais como uma degeneração relacionada com a idade do que uma doença inflamatória. Sendo o diagnóstico feito tardiamente pela redução do espaço articular em exames de imagem.
NOVOS CONCEITOS
Há uma mudança nos conceitos de que ela não é apenas um processo degenerativo uniforme afetando a cartilagem articular, mas uma condição heterogênea com vários fatores de risco, trabalhando juntos por meio de diferentes mecanismos patogênicos, incluindo a inflamação.
Esta nova visão nos faz buscar a exata função da inflamação, sinovite, componente genético e vários processos bioquímico na gênese da osteoartrose e abre possibilidade de busca de uma terapia personalizada.
Estudos recentes vão em busca de marcadores biológicos no sangue e na urina. Mudanças no ambiente bioquímico dentro da cartilagem afetada produz degradação de osso, cartilagem e membrana sinovial, aumentando a produção de substâncias químicas solúveis que vão se disseminar ao sangue e urina , podendo serem dosados. Pesquisas têm focado em dois grupos de biomarcadores:
O primeiro grupo inclue os produtos de degradação de ossos e cartilagens como telopeptideos do colágeno tipo II, um grande número de metaloproteinases de matriz, entre outros.
O segundo grupo inclue citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias como interleucinas,TNF, fator de crescimento endovascular, entre outros.
A pesquisa na área de exame de imagem procura desenvolver uma ressonância nuclear magnética “fisiológica” que seria capaz de detectar e medir a quantidade de substâncias químicas, como o proteoglican, dentro da cartilagem, e dosar alterações dele nas fases iniciais da doença.
FATORES DE RISCO
1-Há uma clara associação da OA e o processo de envelhecimento. Com o envelhecimento alterações intrínsecas da cartilagem levam a diminuição de substâncias como as glicosaminas, ocorrendo um amolecimento da cartilagem e uma perda de resistências às forças de compressão e de cizalhamento.
2-Como já foi mencionado, mudanças no ambiente bioquímico dentro da cartilagem afetada produz degradação de osso, cartilagem e membrana sinovial, aumentando a produção de substâncias químicas pró-inflamatórias. A inflamação da membrana sinovial aumenta a infiltração de células como linfócitos e leucócitos ativando a resposta inflamatória. Substâncias liberadas pelos macrófagos e fibroblastos da membrana sinovial iniciam o processo de dor.
3- Lesões ligamentares e meniscais do joelho são a maior causa isolada de desenvolvimento da OA. Após uma lesão , a atividade inflamatória é aumentada e se iniciam os processos de degradação, como já foi falado. Numa articulação lesada há alteração das forças biomecânicas atuando como desestabilizador articular e promovendo mais lesão.
4-A fraqueza muscular e alteração dos padrões de ativação muscular e déficits de propriocepção estão associados com o desenvolvimento da osteoartrose. A absorção de shock e estabilização do joelho durante a carga (particularmente do músculo quadríceps) tem ação protetora contra a osteoartrose. O melhora da força muscular (particularmente o quadríceps) é a chave para o manejo não-cirúrgico da OA. Ela produz diminuição da dor, melhora a função física e da qualidade de vida e atua prevenindo a evolução da osteoartrose.
5-A osteoartrose é muito mais frequente em mulheres. Talvez por fatores como obesidade e alterações hormonais tenham maior efeito deletério nas mulheres que em homens.
6-A relação entre atividade de trabalho e a osteoartrite é objeto de intensos estudos. Atividades com movimentos repetitivos do joelho, atividade com máquinas vibratórias sobre os joelhos, longas horas ajoelhado, agachado, ou em pé, tem risco aumentado de desenvolvimento de osteoartrose.
7-A realização de exercícios leves ou moderados tem um efeito protetor, mas exercícios físicos intensos estão relacionados ao aumento de artrose em quadril e joelhos.
8-A relação da obesidade e a osteoartrose não está só ligada ao peso. Ela é fortemente dependente de desordens no metabolismo da glicose e dos lipídios. Citocinas associadas com o tecido adiposo, incluindo leptina, adiponectina e resistina aumentam a atividade inflamatória na osteoartrose agindo diretamente na degradação articular e no controle do processo inflamatório local. Fatores de risco metabólico incluindo obesidade, hipertensão, dislipidemia, intolerância à glicose (síndrome metabólica) aumenta não somente o risco de desenvolvimento de artrose, como aumenta a sua progressão.
9-Alterações genéticas estão relacionadas a predisposição de desenvolvimento da osteoartrose, há genes específicos para cada tipo de artrose,como mãos, joelhos ou quadril.
Com o envelhecimento da população global, a osteoartrose se torna um problema crescente de saúde pública. Estratégias futuras deverão focar no diagnóstico precoce e ações preventivas.
Baseado em: Position statement: the epidemiology, pathogenesis and risk factors of osteoarthritis of the knee. Sherif El-Tawil, Elizabeth Arendt, David Parker Journal of ISAKOS July-August 2016